sábado, 8 de março de 2008

Nasceram as minhas lembranças

no ventre do esquecimento,

e perdi-me na exalação

do meu desfeito coração.

Encadeei a própria luz,

que me iluminou.

Atravessei essa lança

que ao meu destino fintou,

e cujo seu arco, sua corda

o meu corpo lhe perfurou.

Furtei a vida que de mim,

ela própria se apartou.

Iluminei as estrelas,

com a escuridão

invejada pelas mesmas.

Morri sem saber que vivi,

porque vivo fiquei sem saber,

que nos meus sonhos

apenas naveguei.

Não há ciência que me descubra,

nem esconderijo que me esconda

Não há luz que me ilumine,

nem pontes que desunam,

corpo e alma num só,

mas distantes em simples instantes,

olhos meus que olharam,

mas que nada viram.

Ouvidos meus que ouviram,

mas cujas palavras,

a eles lhes fugiram,

Tudo foi nada, e nada em mim,

pouco ou nada mudou,

mas tudo se transformou,

e hoje sou aquilo que sou,

escritor em busca da fortuna

perdida no convés da fortuita dor.


Ricardo Barnabé

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